Recebi por mail este testemunho de alguém que tem um gato fiv positivo.
Porque sei que infelizmente muitos gatos foram e são adormecidos por ignorancia do que é este virus, pedi autorização à Sara para colocar aqui o texto que escreveu e que eu considero uma prova de amor e dedicação que pode inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo ....
Não adormeçam os vossos gatinhos só porque eles têm FIV, mesmo que tenham sintomas. O FIV não é um bicho papão.
Capítulo I - Tenho um gato em casa No final do dia 25 de Dezembro de 2003 voltei para casa, depois de ter ido passar o Natal com a minha família.Abri a janela para arejar a casa, e por acaso olhei para fora. Num telhado junto à janela do andar de baixo estava um gato, que eu nunca tinha visto ali. Pensei que ele se fosse embora, mas no dia seguinte ainda lá estava, e no outro também. Fiquei preocupada, ele não tinha nem comida nem água. Comecei a pendurar pratinhos com comida e água, e a seguir atirei um saco de desporto aberto, com mantinhas lá dentro, porque estava tanto frio... Um dia, alguém abriu a janela do andar de baixo, que estava desocupado, e o gato entrou. Quando tentaram expulsá-lo da casa, e enxotá-lo para a rua, ele subiu as escadas e veio encostar-se à minha porta. Eu abri a porta, e ele entrou. Não sabia se ele era meigo ou bravo, mas na altura nem me preocupei com isso. Arranjei-lhe um alguidar com areia, umas tacinhas de comida, e deixei-o sossegado no seu cantinho, enquanto telefonava para associações de protecção a animais e pedia que o recebessem. Todas as associações me pediram para esperar, estavam lotadas. Na altura não sabia, mas agora sei que muita gente aproveita a época de Natal, tal como a de verão, para abandonar os seus animais, e os abrigos enchem-se desses bichinhos tristes e assustados.Uns dias depois, e sem aviso, o gato levanta-se, vem na minha direcção, e começa a dar-me turrinhas. Fiquei tão contente, não propriamente por ele ser meigo, mas mais por ter confiado em mim! Claro que a partir daí ficou por cá; foi o meu primeiro gato, é o meu Chibbito.
Capítulo II - o Chibbito tem FIV Durante algum tempo tudo esteve bem. O Chibbito comia, dormia no meu colo, tinha um comportamento perfeitamente normal para gato, a não ser o medo da rua que ainda hoje tem. Um dia reparei que ele não tinha comido quase nada. Passaram-se mais alguns dias, e continuava a comer muito menos. Levei-o ao veterinário mais próximo, que reparou logo que ele tinha uma enorme gengivite, a boca quase toda inflamada, e alguns dentes em muito mau estado. As dores na boca impediam-no de se alimentar. Foi medicado imediatamente, mas o veterinário pediu-me para retirar sangue ao Chibbito, para fazer um teste do qual eu nunca tinha ouvido falar. Quando vieram os resultados, soubemos que ele era positivo a FIV.O veterinário fez-me um quadro muito negro daquela doença: disse que era igual à SIDA dos seres humanos, disse que se podia pegar facilmente a outro gato, disse que ele não viveria muito tempo, mas que ia tentar controlar a infecção na boca.Passou-se um mês, em que fui dia sim, dia não com o Chibbito levar injecções, mais uns quantos medicamentos, mas a infecção não melhorou, pelo contrário. O Chibbito já não parecia o mesmo gatinho.. Estava magro, desconfiado, assustado, fugia de mim. O veterinário começou a falar-me em abate.Lembro-me muito bem da minha aflição na altura, quando não percebia absolutamente nada de doenças de gatos, e só queria que o meu bichinho vivesse e fosse feliz. E tinha um veterinário a dizer-me que era melhor a eutanásia.No meio do desespero, procurei um hospital veterinário. Não porque achasse que eram melhores (nem me passou tal coisa pela cabeça, afinal eram todos veterinários), mas porque poderiam interná-lo, e quem sabe dessa maneira ele pudesse sobreviver. E aqui mudou a história.
Capítulo III - o Chibbito tem FIV, mas não há problema!!!!Imaginem o meu estado quando cheguei com o Chibbito ao hospital: aflita, desanimada, a achar que ele seria imediatamente intenado e que o caso dele era mesmo muito grave e urgente.Expliquei a situação à pessoa que estava no atendimento, que permaneceu muito calma, e não chamou ninguém. Em vez disso pediu-me para esperar na sala, enquanto fazia a ficha do Chibbito. "Temos cá muitos casos desses", disse ela com um ar simpático e condescendente. Eu achei aquilo tudo muito estranho. Esperei algum tempo, até chegar a nossa vez, e lá fomos nós.Os veterinários abriram-lhe a boca, deram-lhe imediatamente um medicamento injectável, com uma destreza que eu nunca tinha visto. Receitaram vários remédios para ele tomar, incluindo antidepressivos, que se justificavam perfeitamente no caso dele, mas que eu nem sabia que existiam para animais. Deram-me também um medicamento para estimular o sistema imunitário, que hoje eu reconheço como um medicamento comum para casos destes, mas do qual o outro veterinário também não me tinha falado. Mandaram-no para casa e marcaram uma cirurgia para daí a uns dias, para remover os dentes em mau estado. Nunca me falaram em eutanásia. Disseram-me que ele ia viver tantos anos como outro gato qualquer.Explicaram-me que poderia ter outros gatos desde que estivessem todos castrados e se dessem bem, porque o contágio do FIV é praticamente impossível nessas condições . Pouco a pouco o Chibbito foi recuperando, fisica e psicologicamente. Em alguns meses tornou-se num gatarrão como eu nunca tinha conhecido antes. Desde que foi tratado nunca mais teve nenhum sintoma ou recaída. Tenho mais 3 gatas, todas esterilizadas, com quem ele convive em grande harmonia. Costumo ter bebés para adopção, que recolho da rua, e que o Chibbito adora e lambe de alto a baixo. Não há qualquer perigo de transmissão do FIV por estas lambidelas. Este é o meu Chibbito, um lindo gato que poderia ter sido eutanasiado há anos se eu não tivesse procurado uma segunda hipótese.
Conclusão: Infelizmente, nem todos os veterinários estão bem informados e actualizados, tal como acontece em qualquer outra profissão. Em relação ao FIV, em particular, criaram-se preconceitos e confusões que tiram a vida a animais, e que deixam os donos traumatizados e em pânico. Para qualquer doença grave que aflija pessoas ou animais, deve pedir-se sempre uma segunda opinião. Para o FIV em particular, não deixem que ninguém vos diga o que me disseram a mim "É FIV, não há nada a fazer".Pelo contrário, há muito a fazer. E o primeiro passo é informar as pessoas, para que muitas vidas se salvem. Olhem para o Chibbito. Não valeu a pena?
Sara Nobre, Dezembro de 2008
e eu digo...valeu sim Sara, parabens e obrigada por partilhar ;)
18 comentários:
...obrigado Sara e parabens.. bem haja a si e ao segundo vet que procurou...acho que todos deveriam estar cientes da especificidade destas doenças...Turras ao Chibbito e as amigas:)...
Fico muito feliz por saber que procurou uma segunda opiniao... Nunca devemos desistir de lutar... E os nossos meninos valem tudo!
Força... Admiro-a! Lígia
Parabéns pela sua atitude. Quando recolhi a Micas, gata da rua, já tinha a Sissi e o veterinário fez um escandalo, disse que poderia estar a pôr em risco a vida da Sissi que era uma gata saudável. Felizmente a Micas é negativa mas na altura estava super aflita e tudo porque muitos médicos não sabem informar a realidade destas doenças. Obrigado por partilhar!:)
Fico feliz por saber que existem pessoas que não desistem dos seus animais, eu já vivi um caso semelhante com a minha cadela, que ainda hoje está comigo.Força, eles merecem tudo!
Há já alguns anos, penso que ronde os 15 anos, a minha avô tinha um gato, era lindo chamava-se Francês.
Quando ela o recolheu da rua, estava em muito mau estado, não comia e tinha uns papos junto pescoço. Claro lá fomos ao vet, naquela altura não havia nem 1/3 do que existe hoje para tratamentos.
Fomos a uma clinica cujos donos deram origem, anos mais tarde, ao hospital veterinario do porto.
O Françês tinha Sida. Foi assim que disseram, não chamaram FIV, era mais fácil de explicar como se de uma doença humana se tratasse.
O tratamento possivel na altura, era limpeza dos orificios, com agua morna, desinfecção com solução dermica, anti-inflamatorios e antibioticos.
Era possivel que o Françês não vivesse muito tempo, disseram os médicos, porque estava já na 3ªfase da doença, mas que se ele estivesse em casa, tranquilo, poderia viver muito muito tempo.
O Françês viveu mais 6 anos. Foi muito feliz. Isto aconteceu há muitos anos, ninguem nos falou em adormecer o Françês, não por este motivo. Um dia que a qualidade de vida não fosse razoavel, ai sim, poderiamos pensar nisso. E assim aconteceu. Hoje tenho um hospede, que me aparece para comer e fazer a sesta, tem o mesmo problema, mas come imenso, brinca, faz ronron, gosta de festas, é um gatinho normal. a diferença é NÓS sabermos que ele tem uma doença. Nós sabemos eles não.
Parabéns à Sara.
bjinhos
um bom ano de 2009
Parabéns Sara pelo seu testemunho. Foi impossível não verter algumas lágrimas ao ler a carta, mas felizmente no seu caso tudo correu pelo melhor dentro do possível.
Força!
Grey, Ninja e Briel
O Chibbito é realmente lindo !!
Felicidades e muitos anos de vida.
Bjs,
Denise, Merlin e Solzinho
Muitos Obrigada... Felizmente existem pessoas assim!
Mas tenho uma 3a opiniao... Nao minha mas de um outro veterinário, q me informou q realmente é possível fazer uma vida completamente normal neste tipo de doenca mas disse tb q a trasmissao entre gatos tb pode ser pelas necessidades (partilhar a areia p. ex.)... dp de ler tudo isto fiquei na dúvida??
Bem haja.
Gostei imenso da carta, parabéns, o Chibbito é muito lindo. Tambem adoptei um gatinho com 6 meses, chama-se Sushi, é liiindo, também foi tirado da rua com Coriza, foi tratado e ficou com uma manchinha no olho e hoje está muito bem, sobre a FIV, tambem desconhecia e fiquei alerta e um pouco assustada, mas nada que me impedi-se de ter um gato com FIV, felizmente o Sushi já fez o teste e é negativo. Beijinhos,Isabel
Belo testemunho. E sem dúvida muito útil.
É pena haver sempre pessoas irresponsáveis em todas as profissões, pior quando se trata de profissões que lidam com seres vivos... Já tive um caso que correu muito mal com maus veterinários... quando me virei para os bons era tarde demais.... não consigo dizer mais nada porque estou a chorar... ainda bem que há animais que são salvos a tempo, ainda bem......... muita vida para o chibbito...
Eu tenho Felv, que é a leucemia felina. Mas a minha mãe só descobriu quando me levou a uma vet especializada em felinos e que me indicou remédios certos. Eu não curava nunca de uma gripe e, agora, estou muito melhor!
valeu a pena, sim, sara. e também valeu a pena partilhares o teu testemunho com outras pessoas.logo, vou fazer um link a este post, lá no meu blog.
o chibbito é lindo, tão parecido com os meus dois filhotes, que também são uns gatarrões!
felizmente, há cada vez mais veterinários a tranquilizar as pessoas, em relação aos felinos com FIV. apenas são necessárias algumas precauções extra.
gostei muito de conhecer este blog, que passarei a visitar.
marradinhas afectuosas
Eu também tenho um gatinho siames chamado cocas que ja tem 16 aninhos e tb tem essa doença.temos a obrigaçao e o dever de os acompanhar nas alturas boas e mas da vida e por isso mesmo fazem parte da nossa familia e sao como pessoas(perdoem-me a sinceridade mas mt melhores q algumas pessoas).independentemente de tudo merecem o nosso amor incondicional pois tb se dedicam inteiramente aos seus donos.o chibito e mt fofinho e so lhe posso desejar mts e mts anos felizes de vida
UAU!!!! Esse Post teu post é de estrema importância, obrigado por partilhares.
Parabéns ao Chibbito!!!
muitas turrinhas ao Chibbito e á Sara da Kinhas, e do Dono!!!
muitas felicidades a todos!!!
realmente e impossivel nao verter lagrimas ao ler a carta mas ainda bem que tudo correu bem e foste pedir segunda opiniao!!!
Ass: Kinhas (podem ver-me aki http://charuto20.hi5.com ) e o dono Ricardo Andrade
Esta é a historia real do Tangerina que foi resgatado da rua por uma voluntaria dos Bichanos do Porto pois a dona faleceu e os filhos receberam a herança e desprezaram o gato como é habitual... Ele estava muito mal tratado (super magro, sujo e doente).. Pois bem falaram comigo uma vez num gatinho que precisava muito de uma familia mas que ele era muito especial.. Nessa noite nao dormi pensando nele! Pouco tempo depois, decidi adopta.lo mesmo sabendo que ele era especial e FIV positivo.. Informei-me junto da veterinaria do meu cao que me disse para nao adoptar pois trazia muitos problemas.. Pois bem estava decicida a adopta.lo e dar um final feliz ao Tangerina nem que fosse por dias, ele tinha esse direito! Quanto à veterinaria, retirei de la o meu cao e encontrei uma veterinaria que hoje agradeço tudo do fundo do coraçao!!! Assim sendo, trouxe um Tangerina para casa e ele adaptou-se muito bem, apenas tinha muito medo quando ouvia os carros e das pessoas estranhas, o que era normal! Ele so queria dormir, comer, ronronar e tudo corria muito bem! Há cerca de dois meses , o Tangerina teve uma recaída e esteve muito doente.. foi sempre seguido de perto pela veterinaria e as esperanças eram reduzidas... Esteve internado a soro, nao comia e o seu sistema imunitario muito fragilizado chegando mesmo a pesar menos de 2Kg por mais cuidado que tivesse! Rezei todos os dias, pedi-lhe para ser forte e voltar comigo para casa.. Pois bem hoje o Tangerina recupera, ainda, mas esta pronto para as curvas! :D Ele come, ronrona e reclama qdo tem que reclamar :D Cada dia que passa me sinto mais agradecida por este ANJO que apareceu na minha vida pois fez-me ver os animais e a vida de outra forma, valorizando uma turrinha que me enche o coracao :D Um bem haja à veterinaria que tanto me ajudou e nc desistiu dele, à madrinha dele que cuidou dele e me deu a conhece.lo para o ajudar e hoje ser uma pessoa bem melhor :D
O Chibbito continua bem e as manas também. Quanto à transmissão do FIV através da areia há quem seja de opinião que em fases agudas de infecção possam ser excretados alguns vírus (há que pesquisar as informações mais recentes). Pessoalmente tenho conhecimento de uma casa com más condições de higiene, onde coabitavam 13 gatos (o último tinha entrado há uns 6 anos)e um cão, todos os machos e uma gata esterilizados, e apenas dois eram Fiv+. Não vejo necessidade de isolar gatos FIV + de outros gatos.
Enviar um comentário